Todas as pessoas que já tiveram trombose venosa têm pelo menos um ponto a mais de risco de ter nova trombose do que as pessoas nunca tiveram trombose.
Você sabia disso?
Isso porque a própria história prévia de trombose, que é como a gente chama na linguagem médica, é por si só considerada um fator de risco para novo episódio.
É pra se preocupar, enlouquecer e tirar o sono?
Já falei sobre isso, mas vale repetir:
Para acontecer uma trombose, a presença de um único fator de risco não é suficiente. A trombose vai acontecer quando há uma combinação desses fatores de risco de tal forma que juntos desencadeiem a reação química de o sangue coagular dentro da veia.
Nesse artigo não vou explicar sobre cada um dos fatores de risco, pois há um artigo específico sobre isso clicando aqui.
Dito isso, vamos ao tema desse artigo:
Na etapa final do tratamento da trombose, quando por fim acabaram aquelas caixas e caixas de remédios anticoagulantes, começa uma nova etapa do acompanhamento com o angiologista: investigar e conversar sobre os fatores de risco de trombose que você ainda tem.
Isso porque são esses fatores de risco que vão determinar os cuidados que você deverá tomar daqui pra frente para prevenir um novo episódio de trombose.
Cuidados que podem variar desde medidas simples do dia-a-dia até uso de alguns medicamentos.
**Um adendo: a maioria das pessoas não vão precisar de medicamentos.**
Alguns desses cuidados são comuns a todos que já tiveram trombose e eu listei esses cuidados aqui.
Então prepare duas as anotações:
Proibido o tabagismo:
Substâncias contidas no cigarro deixam o sangue mais coagulável e também causam microlesões nos vasos sanguíneos. Por isso, é proibido para todos que já tiveram trombose, independente da causa.
Proibido a ingestão de hormônios derivados de estrogênios
O estrogênio, que pode ser encontrado na terapia de reposição hormonal, pílula do dia seguinte, chip da beleza ou pílula anticoncepcional ou anticoncepcional injetável, deixa o sangue mais coagulável e é proibido para todos que já tiveram trombose, independente da causa.
Evitar a desidratação:
Não é difícil entender que o sangue de alguém que está desidratado está mais "concentrado", mais "grosso", certo? O sangue mais "concentrado" tem maior tendência a se coagular e é fator de risco para trombose.
Evitar a ingestão exagerada de bebidas alcoólicas:
O álcool, quando ingerido em grande quantidade, provoca desidratação no organismo.
Evitar o repouso prolongado
Durante o repouso, a circulação sanguínea de retorno fica lentificada e isso é fator de risco para trombose.
Evitar e combater a obesidade
Aqui eu não estou falando de sobrepeso, mas de diagnóstico médico de obesidade definida pela OMS: IMC acima de 30kg/m2.
Isso porque a baixa densidade muscular da panturrilha, comum na obesidade, afeta negativamente a circulação sanguínea de retorno.
Além disso, na obesidade central, o volume abdominal é fator que dificulta o sangue a retornar.
Evitar o sedentarismo
O Colégio Americano de Medicina, define sedentarismo como prática de atividade física menor que 150 minutos por semana. É durante a atividade física que a circulação sanguínea de retorno é estimulada.
Fazer atividade física:
Todos que já tiveram trombose devem fazer algum tipo de atividade física que propicie fortalecer a musculatura das pernas/panturrilhas e a estimular a amplitude da articulação do tornozelo, que são fundamentais para melhorar o bombeamento do sangue de retorno.
Há vários tipos de atividades físicas que cumprem esse objetivo. O educador físico ou fisioterapeuta são os profissionais indicados para orientar qual é a melhor para o seu caso.
Usar meia compressiva em situações como: viagem prolongada, cirurgia prolongada e repouso prolongado e gravidez
A meia compressiva melhora o bombeamento do sangue no momento em que está sendo usada, por comprimir e aumentar a força da musculatura da panturrilha. Ela também minimiza os efeitos negativos do repouso.
Avisar sempre em todas as consultas médicas que você já teve trombose
Sempre! Mesmo pessoas com baixo risco de trombose devem tomar algumas medidas em situações médicas específicas como em cirurgias, planejamento de gravidez etc.
É somente saber disso vai propiciar o médico tomar medidas adequadas nessas situações para prevenir novo episódio de trombose.
Bom! É isso! Guardem essa lista no bolso e no coração e sigam em frente!
Dra Karolina é médica Angiologista em Brasília-DF, com foco de atuação em doenças venosas, como varizes e trombose. É membro efetivo da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascuar, com Título de Especialista em Cirurgia Vascular pela AMB.