A resposta é um grande:
Para contextualizar, hoje temos no Brasil 5 tratamentos disponíveis para quem tem refluxo de veias safenas: radiofrequência, endolaser, cirurgia convencional, ablação mecanoquímica e escleroterapia com espuma.
Hoje, as diretrizes que regem nossa especialidade orientam como primeira escolha para o tratamento das veias safenas as técnicas termoablativas - radiofrequência e endolaser - por características: alta eficácia com menor agressão.
A Diretriz Europeia orienta que as outras técnicas de tratamento de veias safenas devem ser feitas em caso de indisponibilidade das técnicas padrão-ouro citadas acima.
Agora, para entender as diferenças entre a espuma e a cirurgia clássica de retirada de veia safena, precisamos entender algumas características que compõem cada uma dessas duas técnicas.
Vamos à cirurgia:
Para fazer a cirurgia, o paciente, após um preparo prévio, interna em um hospital, se submete à raquianestesia e tem as safenas retiradas por meio de duas incisões - uma na virilha e uma no tornozelo. Após a recuperação da anestesia, a alta é feita 12 a 24h após e o paciente termina a recuperação gradual em casa. Mais detalhes da cirurgia, você vê clicando aqui.
Vamos à escleroterapia com espuma:
A escleroterapia com espuma é uma técnica não invasiva de tratamento de varizes em que é injetada dentro da veia uma solução em forma de espuma que vai provocar uma reação química dentro da veia com o objetivo final de reduzir seu calibre progressivamente até o completo fechamento da veia doente. Em bom português, a espuma vai "colar", "secar", "fibrosar" a veia doente, tirando ela da circulação.
Após o tratamento, somente as veias "funcionais" são deixadas, e o resultado final é a melhora da circulação de retorno e dos sintomas relacionados.
Para a espuma, lá vão algumas características, entre vantagens e desvantagens, que devem ser conhecidas.
Primeira característica da escleroterapia com espuma: não precisa de internação
O procedimento é feito no consultório e, diferentemente da cirurgia, o paciente vai embora logo após o procedimento, sem a necessidade de repouso.
Segunda característica da escleroterapia com espuma: tratamento é prolongado
A quantidade de solução espuma para se utilizar de uma vez é limitada. Acima de uma quantidade, passa a ser tóxica e ter risco de complicações.
Dessa forma, a depender da quantidade de veias, você vai precisar de mais sessões com o intervalo mínimo de 15 dias a 1 mês entre cada sessão.
Terceira característica da escleroterapia com espuma: meia compressiva é obrigatória
O que gente faz quando quer colar algo? A gente coloca a cole e aperta, certo? Se não apertarmos pode até funcionar, porém a chance é menor, certo? Também aqui. E a forma de apertarmos o local é com o uso da meia compressiva, que diferentemente da cirurgia, é fundamental para o resultado.
No início inclusive usamos meias elásticas de alta compressão e uso continuado - até pra dormir.
Quarta característica da escleroterapia com espuma: a "cola" pode não funcionar de primeira
Um resultado possível após a sessão de espuma numa determinada veia é que o fechamento da veia tratada não tenha ocorrido completamente e haja necessidade de mais de uma sessão para fechar aquela veia completamente.
Isso acontece quanto mais calibrosa e mais próxima de uma veia profunda for a veia.
Quinta característica da escleroterapia com espuma: a "cola" pode não durar para sempre
Essa é uma das principais características desse tratamento: a necessidade de se fazer manutenção após alguns anos.
Após alguns anos, pode acontece o que chamamos de recanalização: o sangue volta a passar pela veia tratada.
Sexta característica da escleroterapia com espuma: não é um tratamento estético
O uso da espuma provoca reação inflamatório na veia que pode alcançar a pele e pigmentá-la uma coloração acastanhada - isso acontece de 10-30% . Essa pigmentação na maioria das vezes não é permanente, porém pode demorar alguns meses a ano para clarear.
Agora vocês entendem quando falamos que o tratamento deve ser individualizado, né?
Dra Karolina Frauzino é Médica Angiologista em Brasília-DF, com foco no tratamento de doenças venosas, como trombose e varizes. É membro efetivo da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e possui Título de Especialista em Cirurgia Vascular pela AMB.
Comments