Com tantos modelos de meias elásticas, bate aquela dúvida: meias elásticas são todas iguais? Quais detalhes preciso me atentar para comprar uma meia elástica? Precisa de receita médica?
Veja algumas situações específicas:
Viagem prolongada
Indicada meia elástica de compressão graduada Classe 1, ou seja 18-20mmHg, altura suficiente 3/4. O objetivo aqui é prevenção de trombose venosa profunda e edema. Saiba mais no post.
Varizes
Para a prevenção do edema em paciente com doença varicosa, é indicado o uso meias elásticas de compressão classe 2, de 20-30mmHg, porém em fases iniciais pode-se usar meias elásticas de compressão classe 1, de 18-20mmHg.
Já nos casos mais avançados, com aparecimento de dermatite ocre e risco de úlcera venosa, pode ser necessário o uso de meias compressivas classe 3, de 30-40mmHg.
Úlcera venosa
Para o paciente que tem doença venosa avançada, com presença de úlcera venosa, seja em decorrência de varizes ou de complicação após uma trombose venosa, a indicação de terapia compressiva é mandatória (alto grau de recomendação, alto grau de evidência), ou seja, tem que fazer! Tanto para cicatrização da ferida quanto para evitar recorrência.
Para a cicatrização da ferida, temos mais indicado compressão inelástica com bandagens multicamadas, o uso de dispositivos com velcro, ou compressão elástica de Classe 3, 30-40mmhg.
Para evitar recorrência, temos indicado compressão elástica de Classe 3, 30-40mmHg.
Pós-Cirurgia de varizes
O emprego de terapia de compressão após os procedimentos no território venoso (cirurgia, termoablação ou Escleroterapia de veias calibrosas) se mostrou eficaz no alívio de dor ou desconforto, minimizar o edema pós procedimento, diminuir a incidência de complicações como hematomas e TVP além de encurtar o tempo de retorno as atividades habituais.
O tempo e a extensão da compressão ainda são alvo de estudos para melhor definição, mas a diretriz da SBACV recomenda compressões acima de 20mmHg.
Pós-escleroterapia
Ainda não há um consenso sobre qual o tipo de compressão mais indicado. Porém o consenso Europeu orienta tanto o uso de meia elástica de compressão grau 2, de 20-30mmHg, quando bandagens.
Linfedema
Como um dos grandes pilares do tratamento, a terapia compressiva no linfedema é um pouco mais complexa.
Na fase inicial do tratamento, a terapia compressiva inelástica com bandagens multicamadas ou dispositivos de velcro são a chave para o sucesso da terapia, podendo serem utilizadas as meias elásticas em alguns casos.
Na fase de manutenção, usarmos meias compressivas classe 1 a 3. entre 3/4 a 7/8 também vai variar a depender da apresentação clínica do linfedema.
Varizes e gravidez
Nos segundo e terceiros trimestres de gravidez, o útero aumentado pode comprimir a veia cava inferior no abdome, atrapalhando a circulação de retorno, o que pode causar inchaço e dores nas pernas. O modelo de meia calça existe em praticamente todas as marcas e é indicado nesse caso, com uma compressão classe 2, de 20-30mmHg.
Corrida
O uso de meias elásticas de compressão classe 2, de 20-30mmHg, está associado a diversos benefícios, como otimização da circulação venosa e linfática, redução do edema e diminuição da fadiga muscular.
Quer saber mais sobre meias elásticas? Acesse nossas postagens sobre o tema.
E a pergunta clássica: precisa de receita médica?
Não precisa. No entanto, como puderam perceber, com tantas indicações e classes e tipos de compressões é importante a consulta prévia com o angiologista para a melhor decisão.
Referências:
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Projeto Diretrizes SBACV . INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO. Elaboração final: novembro de 2015
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Dra Karolina Frauzino (CRM 18729) é membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV)
com Título de Especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular
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