Dores, formigamento, dormência, mudança de coloração e sensação de cansaço nas mãos e nos braços são queixas frequentes de quem sofre dessa síndrome.
Vamos lá à explicação.
O que é, afinal essa síndrome?
Respira que aí vem explicação:
Do coração, para irrigar os braços e mãos, parte uma artéria acompanhada de veia e nervos que, durante o caminho até chegar no braço, passa por região estreita entre ossos e músculos (incluindo a clavícula, costela, músculos do peito e do pescoço) num espaço que foi chamado por anatomistas de "desfiladeiro torácico" - vide foto. Esse espaço, que já é estreito, diminui ainda mais dependendo da posição do pescoço, do tórax e dos braços adotada - a saber: braços levantados, pescoço virado para o lado, posição de "peito pra fora". Todas essas posições reduzem o espaço do desfiladeiro torácico. Isso é a situação normal e não costuma dar sintomas.
No entanto, há pessoas que possuem alterações anatômicas que fazem com que o espaço "desfiladeiro torácico", por onde os vasos sanguíneos passam, seja ainda mais estreito. E o resultado? Ao adotar aquelas posições citadas, seus vasos sanguíneos são comprimidos entre os ossos e músculos e os pacientes experimentam sintomas decorrentes dessa compressão.
Quais são os sintomas da síndrome?
Quando a artéria é comprimida: Dormência nos dedos e nas mãos, cansaço nos braços, palidez nas mãos, formigamento nas mãos são sintomas de que o sangue pode não estar chegando.
Quando a veia é comprimida: Inchaço das mãos, coloração azulada do braço, inchaço das veias e mesmo ocorrência de trombose de veias do braço após esforço com o braço, são sintomas decorrentes da lentificação da circulação de retorno.
Quando o nervo é comprimido: formigamento, dormência e/ou perda de força na mão e no braços.
Os sintomas podem estar presentes de um lado só ou bilateralmente.
E qual é a complicação disso?
Além dos sintomas que são muitas vezes incapacitantes - imagina só não conseguir nem pentear o cabelo por muito tempo por sentir dormência nas mãos - também há algumas complicações.
Compressão da veia: trombose venosa do braço
Compressão da artéria: aneurisma, estenose permantente da artéria
Parece sério, não ?! E pode ser.
E como ter certeza que eu tenho isso?
Precisa dizer que uma avaliação do angiologista é indispensável?
A essa altura você já teve que ler três vezes para entender e não é difícil imaginar que não se trata de um diagnóstico fácil pra o paciente fazer sozinho em casa.
Além de examinar o paciente, o angiologista pode lançar mão de alguns exames:
Ecodoppler venoso dos membros superiores
Ecodoppler arterial dos membros superiores
Raio X
Ressonância magnética
Arteriografia
Flebografia
Tomografia computadorizada
Eletroneuromiografia
Com esses exames, o angiologista não só detectará a compressão dos vasos sanguíneos, com também identificará o que os está comprimindo (pode ser uma alteração óssea, uma fibra muscular, etc).
E como Tratar?
Aqui temos duas frentes que serão decididas pelo angiologista/cirurgião vascular: intervenção ou tratamento clínico a depender do que foi detectado no exame.
Tratamento clínico: fisioterapia, terapia de reeducação postural, medicações neuroprotetoras.
Tratamento cirúrgico: extração de segmento ósseo anômalo, exérese de fibra muscular
Tratamento endovascular: colocação de stent na artéria ou na veia.
Eu tenho os sintomas, mas os exames deram negativos. O que mais pode ser?
A doença mais comum que pode também cursar com alterações como formigamento dos dedos e perda de força é a síndrome do túnel do carpo, em que há compressão do nervo mediano, que inerva os dedos das mãos. É uma doença diagnosticada e tratada pelo ortopedista.
Autoria:
Dra Karolina Frauzino é médica cirurgiã vascular em Brasília DF, com foco de atuação em doenças venosas. Possui Titulo de Especialista em Cirurgia Vascular pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e é Membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular